Por que diabos eu estou fazendo isso com a minha vida?

Já se fez essa pergunta em algum momento? Ora, este é um questionamento comum e justo. Em algum momento das nossas vidas paramos e nos indagamos sobre como chegamos naquela situação ruim. E a resposta as vezes pode ser: porque você permitiu.

Mas vamos voltar um pouco e entender esse raciocínio. Nossa vida é uma sucessão de causa e efeito; subproduto de nossas escolhas conscientes e inconscientes. E nós sempre tomamos a melhor escolha que somos capazes naquele momento. Pode parecer contraditório, porque fazemos cada coisa que a asserção acima aparentemente poderia ser desbancada por uma simples história de alguém que foi num restaurante, sabendo que ele não estava muito em dia com a vigilância sanitária, e mesmo assim comeu lá, terminando com uma intoxicação alimentar. Mas há uma camada mais interior.

Para entender o porquê de algo, precisamos mergulhar mais fundo. Por que alguém iria naquele restaurante, sabendo de sua má fama? Pode ser que a pessoa estivesse com pouco dinheiro, que o restaurante fosse o único numa região no momento de fome, ou simplesmente de curiosidade. E o mais importante de tudo isso é que a pessoa obteve algum benefício, mesmo que apenas emocional e subjetivo; a pessoa atingiu no final algum “Bem”.

Quanto ao Bem, dentro do nosso raciocínio no momento, podemos entender como qualquer tipo de benefício obtido, seja ele tangível ou não. E o propósito final desse Bem é nos levar à Felicidade.

Destaco aqui a Felicidade — com letra maiúscula — não como uma manifestação emocional de um momento, mas um momento da vida que, ao chegar em casa, conseguimos não chorar no banho e dormir tranquilamente, com a mente tranquila; a Felicidade, talvez, poderia ser entendida aqui como “plenitude” e “paz”.

A confusão começa quando observamos que há varios tipos de Bem, mas nem todos levam à Felicidade. O Bem pode ter naturezas distintas, sejam do corpo, como comer bem, beber bem, dormir bem, ou mesmo satisfação sexual; da mente, como assitir uma série legal na Netflix ou ler um bom livro; e naturezas emocionais, como o amor fraternal entre familia e amigos, e o amor romântico. Se fóssemos listar itens dentro dessas três categorias citadas acima, quantas coisas específicas poderíamos enumerar sobre o que nos faz Bem?

Quando começamos a entender o que nos faz Bem, no nível mais granular e detalhado possível, começamos a entender algumas escolhas que fazemos. Perceba que, quando fazemos tais escolhas, nem sempre temos conhecimento de todas as variáveis possíveis, apenas ideias incertas – a comida de um restaurante pouco higiênico talvez tenha mais chances de te dar uma intoxicação alimentar, mas como ter certeza sem que haja um experimento?

Entendendo a busca pelo Bem por trás de cada ação nossa, vamos um pouco mais além: o que de fato nos traz Felicidade? Será que todo o Bem leva inevitavelmente à Felicidade, ou apenas satisfaz um momento?

Da mesma forma que fizemos ao nos aprofundar no mais básico dos items da lista de coisas que trazem o Bem, podemos fazer o mesmo com a Felicidade. E dou um exemplo. É muito comum querermos ganhar na Mega Sena, principalmente quando acumulada. E igualmente comum é imaginar que, com esse prêmio, seremos felizes. Mas por quê? Seria pelo dinheiro, ou pelas coisas que ele pode comprar? E vamos além! Assumindo um cenário onde nossa esperança por esse dinheiro poderia se refletir na aquisição de um carro de luxo, por que realmente esse carro nos tornaria mais feliz que qualquer outro? Seria pelo status? E o que há no status que você realmente busca?

Quando vamos fundo no que realmente desejamos, começamos a entender onde de fato está nossa Felicidade. E entendendo essa Felicidade, podemos fazer a pergunta: o Bem que eu busco hoje está me levando diretamente para minha Felicidade, ou estou buscando meios para ela? E nisso podemos citar Aristóteles, em Ética a Nicômaco – Livro I:

“(…)uma coisa perseguida como um fim em si é mais perfeita do que aquela que é perseguida como um meio por uma coisa qualquer (…)”

E aqui entra o pulo do gato: se entendemos onde está nossa Felicidade, e entendemos o que nos traz Bem, descobrimos as coisas que nos darão prazeres momentâneos, e as coisas que nos levarão à Felicidade. E não há nada de errado em buscar prazeres. Mas quando temos esse conhecimento do Bem e da Felicidade, deixamos de ser escravos de nós mesmos e podemos escolher de fato para qual caminho queremos seguir, entendendo exatamente o que queremos naquele momento, e o porquê.

A liberdade começa nas nossas mentes, e a liberdade da mente vem do conhecimento – incluindo o auto-conhecimento. Liberte-se, e seja Feliz!

— Abner Almeida

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